Desde os primórdios dos motores, lá pelo final dos anos 1800, quando começaram a surgir os primeiros carros e seus propulsores a combustão, o comando de válvulas realiza o árduo trabalho de abrir e, com auxílio das molas, sincronizar o fechamento das válvulas. Para quem nunca viu, o comando de válvulas é um eixo repleto de ressaltos ou cames (O nome correto), um perfil fora de centro que quando o eixo gira, comandam a abertura e o fechamento das válvulas. Inicialmente, pode se achar que não há muito mistério nesse trabalho: Quando se inicia a fase de admissão, o ressalto empurra o tucho que abre a válvula e, a medida que o eixo gira, o tucho permite que a mola de válvula faça o fechamento no tempo correto, apoiado no formato do ressalto. Cada motor tem o seu comando e, dependendo dos detalhes construtivos, cada motor terá um mecanismo particular de abertura e fechamento das válvulas.
Enquanto os primeiros motores a combustão há cerca de 135 anos desenvolviam sua potência máxima a cerca de 400 rpm, nos motores atuais modernos as potências máximas acontecem ao redor de 6000 rpm. Fica claro que a sofisticação do mecanismo atual do comando das válvulas é bem maior. Se nos primeiros motores elas se abriam somente depois do pistão passar do ponto morto superior e o seu fechamento ocorria antes do pistão chegar ao seu ponto máximo inferior, nos motores atuais há um adiantamento da abertura das válvulas de admissão e de escapamento e um atraso no fechamento das mesmas. Isso ocorre para que se aproveite o dinamismo e a inércia do fluxo de gases nas tubulações de admissão e escapamento. Esse recurso técnico permite a máxima eficiência na potência com o mínimo consumo de combustível. Fica fácil perceber que o ideal seria um comando de válvulas semelhante aqueles dos motores antigos que funcionasse assim nas baixas rotações e um comando com grandes adiantamentos e atrasos de fechamentos que premiasse as altas rotações.
Por isso, os engenheiros começaram a trabalhar nos tais comandos variáveis: uma tecnologia que permite que nas baixas rotações o comando se comporte como nos tempos antigos, e nas médias e altas rotações como um comando dos motores modernos. Assim, nos aproximamos do funcionamento de um motor ideal: Força nas baixas rotações e boa potência nas altas rotações. Os fabricantes, de uma maneira geral, pensam na utilização que o motor terá em cada veículo e adaptam as características dos comandos de válvulas à utilização prevista de cada carro. Assim, um pacato e tranquilo carro familiar deverá ter em seu motor um comando de válvulas que permita muita força e torque nas baixas rotações, sem se preocupar muito com uma alta potência nas rotações elevadas, que geraria velocidades e consumo altos, que não interessaria a maioria das famílias.
Em contrapartida, um veículo destinado ao público jovem e com características esportivas, não é essencial que tenha uma grande força nas saídas mas que tenha um bom torque e potência nas médias e altas rotações, mesmo que isso sacrifique o consumo de combustível. Quem compra um esportivo busca desempenho e não economia e suavidade de funcionamento. Você já imaginou o comando de válvulas de um carro de corridas? O seu funcionamento nas médias e baixas rotações é péssimo, quase falhando. Mas, nas rotações mais altas, com seu comando de válvulas especial, ele brilha e produz níveis de potência que impressionam. Tudo graças ao eixo comando de válvulas, seja lá onde ele vai funcionar, que pode ser em um carro normal, picape, esportivo ou até mesmo adaptado a um barco. O comando de válvulas é o principal maestro do motor.