CARROS AUTOMÁTICOS: OS CUIDADOS ANTES, DURANTE E DEPOIS DA COMPRA.

Aqui no Brasil, os carros, sempre foram muito mais do que um meio de transporte. São uma paixão, a exemplo do futebol. Inclusive, temos verdadeiras “torcidas organizadas” para defender as principais marcas e modelos! Mas, nesse clima, também não faltam manias e preconceitos. Por alguma razão, os brasileiros sempre “torceram o nariz” para os câmbios automáticos. Era um acessório para “tiozões” ou pessoas com deficiência.

Isso mudou radicalmente nos últimos anos. Hoje, no mercado de novos, temos mais de 400 veículos automáticos ou automatizados à venda. É possível encontrar de tudo, dos compactos aos superesportivos.

Se você está pensando em fazer parte desse grupo ou aderiu à tecnologia há pouco tempo, siga com a gente e veja uma série de dicas importantes para serem usadas antes, durante e depois da compra.

Diferenças entre os sistemas

Para escolher bem o seu automático, o primeiro passo é conhecer o funcionamento de cada transmissão. Entre os novos e usados, você encontrará desde conjuntos mais tradicionais aos altamente sofisticados.

Automática convencional: são evoluções da famosa Hydra-Matic, lançada pela General Motors em 1939. Como o nome indica, usam um fluido hidráulico sob pressão, válvulas, embreagens em banho de óleo e engrenagens.

Aqui no Brasil, desde 1982 (no antigo Ford Del Rey), esses câmbios costumam ter solenoides e um módulo de controle. São muito melhores, mas a eletrônica também causa a maioria dos defeitos complicados.

Continuamente variável: entre os nacionais, o primeiro a ter uma caixa CVT foi o Honda Fit, em 2003. Esse conceito, criado pela DAF em 1958, usa duas polias variáveis e uma correia (feita de aço a partir dos anos 80).

É um sistema pequeno e durável, cada vez mais comum entre os compactos. Suas desvantagens são o comportamento “mais lento” e a manutenção, que exige mão de obra e peças de alta qualidade.

Automatizada monodisco: chegou em 2007, com a Chevrolet Meriva. É um câmbio mecânico com um acionamento robotizado para engatar as marchas. Após vários problemas, saiu de linha em 2020.

Se você está pensando em comprar um carro desses, leve em conta que as trocas de marchas nunca serão perfeitas e alguns consertos são difíceis e caros, principalmente na embreagem e eletrônica.

Automatizada de dupla embreagem: aqui é preciso separar bem as coisas. Existem duas soluções diferentes, apesar de usarem o mesmo princípio básico: com discos de embreagem a seco ou em banho de óleo.

O segundo Ford EcoSport, de 2012, trouxe a novidade para o Brasil. Mas sua caixa (“a seco”) era barulhenta e até passou por recall. Outras marcas tiveram problemas iguais. Ao contrário, a tecnologia “a óleo” é muito boa.

Cuidados na hora da compra

Mudar do câmbio mecânico para o automático exige certas adaptações. O estilo de dirigir não pode ser agressivo (exceto nos esportivos), a manutenção é fundamental e os gastos para manter o veículo aumentam.

Se decidir pela compra de um carro novo, faça um bom test drive. Também considere alugar um igual por alguns dias. Por último, investigue nas concessionárias, oficinas e internet o preço das peças e mão de obra.

Nos seminovos é importante ficar atento aos recalls. Vários automáticos e automatizados foram chamados nos últimos anos. Copie o número do chassi, entre no site da fábrica, liste os problemas e peça os comprovantes.

Os usados exigem uma atenção redobrada. Procure envolver um mecânico especialista na avaliação, mesmo que você pague pela consultoria. Outra dica é evitar os modelos raros e as marcas que saíram do país.

Por melhor que seja a oferta, se o veículo tiver algum problema no câmbio, desista. É certo que o conserto vai ficar caro! Quando o defeito é simples e barato, o dono arruma antes e vende pelo preço certo.

Outro perigo são as “gambiarras”, feitas para durar pouco tempo. Se estiverem bem escondidas, será preciso fazer uma análise detalhada. O pior é quando alteram o chicote ou alguma parte da eletrônica.

Quem sabe usar, roda tranquilo

Com o sonho realizado, assim que você chegar com o automático ou automatizado em casa, tire um tempo para estudar o manual com atenção. Aprenda todas as funções do câmbio e veja as manutenções periódicas.

Se o veículo for usado, comece a selecionar uma oficina especializada o quanto antes. Procure indicações confiáveis e depois faça uma visita. Avalie a estrutura, o ferramental e a formação do mecânico responsável.

Para não ter surpresas, cuide bem da hidráulica. Confira o nível, troque o fluido e o filtro nos prazos certos. Use apenas os produtos indicados pela fábrica. Se notar algum ruído, vazamento ou luz acesa, pare e conserte.

Nos automatizados, é importante preservar o conjunto da embreagem. Por isso, nunca segure o carro “no acelerador” nas subidas. Como toda a base é de um câmbio manual, dirija igual, sempre usando o freio.

Na hora da manutenção, preventiva ou corretiva, não acredite em “fórmulas mágicas”. Compre peças de qualidade, evite os desmanches, prefira trocar o que for necessário e desconfie de orçamentos muito baixos.

O calor é um grande inimigo

Os donos de veículos automáticos também precisam ficar atentos com o calor. Quando o fluido hidráulico é exposto a temperaturas extremas, degrada rapidamente e deixa os componentes internos sem proteção.

Uma primeira dica, principalmente no verão, é manter o sistema de arrefecimento em ordem. Em vários carros, o trocador de calor do câmbio é unido ao radiador. Mesmo se for separado, precisa ser revisado.

Se você costuma viajar com o carro lotado, tem um trailer, barco ou motos, redobre a atenção. Ao sentir algum cheiro de queimado, pare imediatamente e espere esfriar. Depois siga com extremo cuidado.

Para não estragar os seus passeios e nem ter um grande prejuízo na oficina, caso essa situação se repita, procure um bom profissional e avaliem a adaptação de um segundo trocador de calor na transmissão.

Como os modelos automáticos e automatizados são mais complexos, também é muito importante fazer uma revisão preventiva total antes das férias. Assim você terá apenas ótimas lembranças quando voltar.

Por: Nakata