Reunimos dicas de como tratar o automóvel durante a quarentena… e na hora de ligá-lo tempos depois
A pandemia de Covid-19 força não só pessoas a ficarem em casa. Na garagem, muitos carros também estão parados.
E a falta de uso é um grande inimigo do automóvel. O veículo pode ter componentes internos comprometidos pelo tempo de inércia e pela exposição a agentes naturais.
QUATRO RODAS ouviu engenheiros para orientar sobre a melhor forma de seu carro encarar a quarentena. E também o que observar e fazer assim que a situação se normalizar e você for sair dirigindo por aí.
Bateria
Durante: a retirada da bateria vale se o carro tiver uns dez anos de uso ou mais, e for realmente ficar parado. Aí, recomenda-se tirar a peça, para evitar fuga de corrente – seja por instalação malfeita, por cabo descascado ou mesmo conexão oxidada.
Neste caso, desconecte primeiro o polo negativo e, depois, o positivo. Já os automóveis mais recentes têm baterias seladas e recebem um banho metálico de proteção nos terminais. Portanto, não é necessário retirar o equipamento.
Mas é recomendável ligar o carro pelo menos uma vez por semana. Isso evita que o ácido da solução dentro da bateria se concentre no fundo e corroa as placas de chumbo. O que pode reduzir a capacidade de recarga da peça.
Depois: se você retirou a bateria, faça o inverso quando for religá-la: conecte o polo positivo primeiro.
Motor
Durante: se o seu carro fica em uma garagem ou estacionamento bem ventilado ou mesmo descoberto, ligue o motor pelo menos uma vez por semana.
Se possível, rode com ele por uns dez minutos. Vale até dentro do condomínio. Esse tempo é bom para que o óleo percorra todas as partes do motor.
“Andar, mesmo que um pouco, dá uma agitada no sistema de lubrificação e uma boa recarga na bateria”, explica o engenheiro Edson Orikassa, vice-presidente da Associação de Engenharia Automotiva (AEA).
Pneus
Durante: encha o pneu com a calibragem máxima permitida pelo fabricante – a informação consta do Manual do Proprietário ou dos adesivos na tampa do porta-luvas ou dobradiça das portas.
Evite deixar o carro na mesma posição sempre. A borracha se deforma com o tempo e pode causar o efeito de “pneu quadrado”. A dica é mudar a posição do carro a cada dez dias para que a estrutura do pneu não seja afetada.
“Isso pode ocasionar uma deformação que compromete a segurança, gerando desbalanceamento da roda e trepidação do volante em altas velocidades”, alerta o engenheiro Denis Marum.
Depois: não se esqueça de recalibrar o pneu na pressão correta recomendada pelo fabricante para o dia a dia quando a pandemia passar.
Tanque de combustível
Durante: a principal dica é encher o tanque, para deixar o mínimo de ar dentro do reservatório.
Se for gasolina, use preferencialmente a premium – de alta octanagem – ou aditivadas, já que elas têm agentes antioxidantes que a gasolina comum não tem.
Lembre-se de que a gasolina pode estragar. Por isso, ligar o motor e andar com o carro é importante para movimentar o combustível no tanque.
No caso dos veículos a diesel, há uma preocupação extra. O combustível tem uma porcentagem de biodiesel, um material “vivo” que, muito tempo parado, pode ocasionar a proliferação de bactérias.
Por isso, é recomendável, ainda, que o modelo a diesel não fique muito tempo exposto ao sol. “Ao rodar uma vez por semana, o diesel volta aquecido para o tanque e acaba diluindo essas microbactérias”, orienta Orikassa.
Depois: se o seu carro tem aquele tanquinho de gasolina para partidas a frio e ficou parado por mais de um mês ou fica em uma região com temperaturas sempre acima de 20 graus, o ideal é trocar o combustível. Ele pode ter oxidado.
Desconecte a mangueira, esvazie o recipiente e coloque gasolina nova. No caso daquele carro a diesel paradão por mais de dois meses, que não teve o motor ligado nenhuma vez, também é aconselhável trocar todo o combustível do tanque.
Rolamentos
Durante: o fio de lubrificante que existe entre as esferas e a carcaça do rolamento pode “secar” com a falta de uso do automóvel.
Ligar o carro e fazer uma pequena movimentação na própria garagem é importante para criar um novo filme de óleo entre as peças – que sofrem a pressão do peso do veículo estacionado.
“Caso fique metal com metal, pode ocorrer oxidação, causar ferrugem e danificar o rolamento”, alerta o vice-presidente da AEA.
Freios
Durante: carros que ficam mais expostos às mudanças climáticas do dia a dia ou com umidade elevada tendem a apresentar oxidação dos discos de freio.
Mas basta dar uma voltinha e frear levemente que essa ferrugem superficial será expelida.
Depois: não se assuste com os ruídos ao rodar com o carro depois de ele ter ficado parado. Conforme o sistema for solicitado, a própria pastilha “raspa” os restos de oxidação do disco.
Radiador
Durante: para quem tem carro mais antigo e vive em regiões com temperaturas baixas, a dica é usar um anticongelante no radiador. A água muito gelada pode trincar o sistema e fazer o líquido vazar.
Ar-condicionado
Durante: o filtro do sistema pode reter muita umidade. Com isso, bactérias tendem a se acumular e provocar mau cheiro quando o ar for ligado.
Se possível, ligue o carro e o ar uma vez por semana por cinco minutos – deixe a recirculação aberta.
Depois: está com odor? A dica é acionar a climatização com a temperatura mais quente possível, a recirculação fechada e deixar funcionando por dez minutos.
Vale também fazer uma higienização em lojas especializadas. Custa entre R$ 100 e R$ 200.
Limpador de para-brisa
Durante: se o carro fica exposto ao tempo, os raios do sol danificam a borracha das palhetas. Neste caso, deixe as hastes dos limpadores levantadas para evitar o contato com o para-brisa quente, o que pode acelerar o desgaste da peça.
Depois: passe um pano úmido para retirar qualquer excesso de poeira que possa arranhar o vidro.
Por: Quatro Rodas